A Despesa Improdutiva (Objeto E Delírio — relacionado com a continuidade)
Após atividades inúteis de servidão ao medíocre (trabalho capital), serve-se a si o banquete de dar sentido àquilo tudo. Compensação relacionada ao tempo dado ao trabalho. Quando não despendemos essa falsa utilidade, falsa continuidade, relacionamos / jogamos na falta de sentido da vida. A compensação pode ser oferecida pelo álcool, comida, atividade sexual, drogas ou festas.
I
>> O lunático organizador de sóis sempre espera o prazer definitivo, aquele que tapa, com longas cordas, o centro do sol, os raios de excesso, os meios de paixão e desencadeamento.
II
>> Por trás da revolução social, organizada pela classe mais pobre, existe a despeza improdutiva — exclusão. O princípio da revolução surge pela falta de dispêndio como luxo.
III
>> A cadeira estabelecida no centro da sala possui, em seu meio, um longo prego perfurador de razões e físicas cruéis.
IV
>> A troca demonstra ao outro, no campo social, sua maior atividade luxuosa, que valida em aceitação de outro pr’um outro — como campo magnético de precisão cósmica (raios solares).
V
>> O escritor e o poeta escrevem, na verdade, o mais puro poder inútil, perdendo e criando. Tira de si suas maiores fontes e cria, num papel, algo inútil, exótico e que, se este caminho escolher, se tornará o excluído do campo social; aquele que em si mesmo não pode, não despedaça.
VI (Servidão Voluntária)
>> Sobre a cama o casal fantasia sua próxima relação com a continuidade. Escolhem brincadeiras clássicas de remeter, assim, ao Deus. Hora ela é mãe do marido, dando bronca em seu filho levado. Hora o marido é autoridade, abusando com tapas, socos e xingamentos a constância de seu sonho mais distante — ao objeto mais distante (Ref. Sade).
VI (Objeto e Delírio)
>> Vem dalí, seu maior núcleo fantasioso: a espera do objeto para dar início à sua consagração delirante. Enquanto o objeto de desejo não está presente é fácil criar na imaginação vocabulários e acontecimentos favoráveis a sua própria morte, ao seu sonho de morrer e se tornar, novamente, um só ser — um ser com Deus, com a Mãe, com Irracionalidade.
VII
>> O ato do sacrifício é visto, ao que será sacrificado, como honra, alegria e privilégio. Daí a alegria até na morte.
Cosmolilakto
A espada longa e curvada atravessa o céu escuro de fontes teatrais — é o dedo entrando no horizonte. Sem farsas surrealistas, o texto é formado de fonte — para — fonte. Sem toque na retina. É desamparado.
Sua maior felicidade consiste, no caso, em ter observado, por maior tempo, o charme, o luxo da burguesia. Este luxo invejável reafirma a necessidade de dispender sem haver necessidade — transgressão.