#10 Terapia. Assassinos. Prisão. — O amor que buscamos nas palavras que calamos
Após assistir o documentário dos "Irmãos Menendez", voltei a pensar no relato de uma caso que atendi anos atrás de um assassino confesso.
⚠️ Antes de falar sobre isso, gostaria de avisar que esse texto pode conter gatilhos para pessoas potencialmente sensíveis aos relatos e/ou que tenham passado por uma situação parecida. Lembrando que só são citados aqui casos encerrados e/ou que a pessoa faleceu.
No último #9 Terapia. Assassinos. Abusos. — O amor que buscamos nas palavras que calamos eu continuei a contar sobre o caso do paciente que confessou ter matado várias pessoas:
Ao final do publicação eu relatei o momento em que o paciente fala sobre abuso, seguido de estupro, que uma tia cometeu contra ele durante anos. Em um primeiro momento ele afirmava que “ele era homem e estava sendo homem quando ela vinha”. Ele tinha entre quatro e cinco anos de idade e ela uns 30 anos. Ele tentou de todas as maneiras desviar do assunto, contudo, fui firme que mostrar para ele que os crimes que ele havia cometido eram uma forma dele se vingar desse abuso.
— É... eu sempre procuro saber como é a mulher do cara que tenho que apagar, que era pago…
— Era? Não é mais?
— Eu vejo se a mulher é uma boa pessoa ou não é uma boa pessoa e aí decido se aceito o trabalho ou não.
— Então você escolhe os homens que serão mortos olhando primeiro se essas mulheres são parecidas com essa tia?
— … não sei… acho que tem algo ruim… (choro)
Entreguei para ele um lenço de papel e toquei levemente o seu ombro.
— O que tem de “ruim”?
— Parece que não tem mais sentido… mas eu não vou me entregar.
— Ela não pode fazer mais mal para você. Está morta. E eu entendi o que você quer dizer com essa frase: “eu não vou me entregar”… Não é só sobre os crimes e sim sobre “não se entregar” para esse tia abusadora.
(choro… muito choro)
— Não me abandona, doutor… (choro) Não quero mais que me faça mal… fazer mal…
Não explicarei os atos falhos que ele cometeu nessa última frase, pois obviamente o sentido mais direto era que ele não queria mais nem sofrer pelo passado como nem ser aquele que fazia os outros sofrerem.
é fundamental situarmos o leitor quanto ao modo como a psicopatia é compreendida pela psiquiatria contemporânea, uma vez que essa compreensão será necessária para defendermos a hipótese de que há um parentesco entre a psicopatia, ou Transtorno de Personalidade Antissocial, tal como foi reclassificada pelo DSM, e a canalhice.
Ao lermos o DSM IV-TR (2000), o Transtorno de Personalidade Antissocial tem como característica essencial “um padrão global de desrespeito e violação dos direitos alheios, que se manifesta na infância ou no começo da adolescência e continua na vida adulta (...)”. Os critérios diagnósticos para o transtorno são:
Incapacidade de adequar-se às normas sociais com relação a comportamentos lícitos, indicada pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção.
Propensão para enganar, indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar os outros para obter vantagens pessoais ou prazer.
Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro.
Irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas.
Desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia.
Irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou de honrar obrigações financeiras.
Ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado alguém.
Ademais, para que um indivíduo receba o referido diagnóstico, é preciso que estejam evidenciados no mínimo três dos sete critérios acima, sendo indispensável que o mesmo tenha no mínimo dezoito anos, tenham existido evidências de transtorno de conduta com início antes dos quinze anos e que a ocorrência do comportamento antissocial não se dê exclusivamente durante o curso de esquizofrenia com episódio maníaco (Link da citação)
Contudo, absolutamente nada disso se aplicava ao caso que eu estava atendendo. Mais um vez eu fora confrontado com o desconhecido. Mergulhei fundo no estudo da psicanálise, uma vez que a psiquiatria não estava me ajudando. Eu não via aqueles traços apresentados pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM. E nada iria me preparar para o que viria à seguir.
— Doutor… eu estou chegando na cidade… Já subi no ônibus, vou me entregar. Você vai comigo na delegacia? Não me abandone, por favor…
Lembro vividamente daquele sábado de manhã nublado, como é comum aqui na cidade. Ela até parece Londres… Dez anos se passariam e eu aprenderia muito mais sobre psicopatia, conseguindo trabalhar no Presídio….
Continua…
IS Indica
(nem sempre o livro indicado está relacionado com a tema da publicação)
Apreciem as seis etapas deste livro: Romance, Reflexão, Aceitação e muito Tesão. Este livro te levará a imersão de um romance inocente, doce e muito quente; fazendo que você se sinta em uma realidade paralela com os nossos incríveis protagonistas e suas emoções. Nos primeiros capítulos, a história iniciará de forma natural e emocionante. O clímax atingirá seu ponto máximo quando estivermos na reta final, onde todos poderão sentir os desejos da protagonista se tornando realidade em uma deliciosa aventura. É capaz que este livro mude a visão que o leitor tem em relação ao mundo a sua volta, pensando em pequenos detalhes e muitas emoções.
Adquira o livro clicando aqui!
O amor que buscamos nas palavras que calamos
é uma publicação quinzenal aqui na IS.
Clique aqui para as promoções em nossa Estante Virtual! A Loja virtual da IS Editora! São muitos livros esperando você!
Assine nosso Substack e convide mais pessoas para nos conhecerem: substack.com/@imperiossagrados
Segue a gente nos perfis no Insta: @imperios_sagrados e @iseditora
Conheça mais o nosso site/blog: imperiossagrados.com.br
Envio de Manuscritos Originais: imperiossagrados@gmail.com
Obrigado por você estar por aqui e nos apoiar!
Conheça mais sobre nossa Equipe de Escritoras e Escritores na nossa página “Sobre” aqui no Substack!